Um tema considerado importante na psicanálise é a repetição. Muitas pessoas, conscientes de que fazem as mesmas escolhas, presumem que não as farão novamente, porque sabem que se equivocaram. Um exemplo clássico é o da pessoa, cansada de relações abusivas, que escolhe outra com as mesmas características. Depois, verifica que apenas mudou de rosto e nome, mantendo-se idêntico relacionamento.
No que diz respeito à saúde física, um caso narrado por um pesquisador refere-se a um sujeito que tinha uma ferida na perna, que exigia atenção hospitalar. Após toda atenção, obtinha-se melhoras, voltava para casa, permanecia por algum tempo e, novamente, abria o ferimento. Isso estava ocorrendo ao longo de décadas. Há inúmeros casos de doenças, que são estudados pela psicossomática e têm esse mesmo caráter de repetição. Casos que a medicina encaminha para o tratamento psicológico. Então, se o sujeito sabe, por qual motivo repete?
Não se trata de saber conscientemente do que acontece, mas como acontece. O que leva a pessoa a repetir relacionamentos, comportamentos de autossabotagem, entre outros, decorrem da constituição do sujeito e se repetem desde a infância. Não há um manual prático de ajustes e mudanças, tipo: agora sei o que fazer, basta por a chave aqui, apertar o parafuso ali e pronto. O movimento para sair das repetições demanda muito tempo e trabalho psíquico do analisando e do analista.
Dr. João Palma Filho
Psicólogo – CRP 146.528
Matéria publicada no jornal Regional News, edição n°1597