Estamos falando daquelas situações em que o sofrimento se repete ao longo da existência. São monstros, velhos conhecidos. Já se sabe onde apertam e produzem dor. Sabe-se, também, da tolerância à dor que se vai adquirindo com as reflexões, nos momentos de solidão e tristeza e dos caminhos para provisoriamente sair dali.
Pode-se ficar a vida inteira ali mesmo, naquele lugar. Casos em que, por exemplo, as pessoas insistem nos mesmos tipos de relacionamentos, com pessoas diferentes, trazendo a mesma frustração, o mesmo sofrimento. Certo dia, o sujeito, cansado de sofrer, quando foram ultrapassados certos limites, resolve buscar auxílio psicológico, porque compreende que a história igual à dele, pode ser encontrada nos livros, entretanto, somente ele pode dizer como se sente.
Surgem as dificuldades para a mudança. Isso porque, abrir a porta pode oferecer um perigo maior, uma ameaça maior, a partir das referências internas. Na análise, a porta que se abre não é oferecida pelo analista, mas algo que surge inicialmente pelo sujeito como possibilidade e vai sendo explorada aos poucos, a partir de um novo olhar sobre si mesmo.
Um tratamento não é instantâneo, analgésico, como exige a contemporaneidade, mas oferece condições para lidar com as situações repetitivas.
Dr. João Palma Filho
Psicólogo – CRP 146.528
Matéria publicada no jornal Regional News, edição n°1593