O ambiente e a proteção para doenças

A psicanálise compreende que o sujeito manifesta o sintoma a partir das condições biológicas, atinentes à hereditariedade, as de nascimento, bem como as condições de ambiente nas quais se desenvolve. As doenças físicas, dada uma compreensão mais profunda e abrangente refere-se a todo esse conjunto de fatores.

Se a hereditariedade e as condições de nascimento deixam marcas profundas, gravadas na organização física para serem cuidadas pelas ciências biológicas, quanto aos seus sintomas mais imediatos, há aquelas que dependem do ambiente de desenvolvimento do sujeito. Fruto das condições desse ambiente, muitas vezes as doenças estão enraizadas justamente nas bases do conjunto de relações sociais desse sujeito, da maneira como é acolhido no lar, possui atendimento de saúde preventiva, alcança condições mínimas de subsistência.

Ainda que a hereditariedade e as questões congênitas não consigam ser ultrapassadas, elas possuem um direcionamento que pode ser abrandado pelo ambiente. Todavia, o fato de algumas pessoas desenvolveram uma resiliência, diante das condições adversas encobre a importância do cuidado necessário com o ambiente, em que esse sujeito se desenvolve, e faz emergir a ideia de que se o sujeito está doente – doença física ou mental – isso é problema dele, simplesmente.

Ao longo do século XX a psicologia passou a compreender melhor e a exigir providências diante da responsabilidade da sociedade em relação a cada criança que nasce.

Dr. João Palma Filho
Psicólogo – CRP 146.528
Matéria publicada no jornal Regional News, edição n°1607

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