Durante um percurso psicanalítico observa-se, em muitas oportunidades, os receios que surgem. O lugar assumido por muito tempo produziu amizades, associações decorrentes de uma maneira de pensar sobre si e relacionar-se com os outros. Os antigos hábitos permitiram essas associações e uma zona de conforto, mesmo com sofrimento. Interessante esse ponto!
Mesmo sofrendo, o sujeito habitua-se à uma certa lamúria, entretanto, teme realizar mudanças. Não raras vezes o sujeito indaga se no novo caminho irá sofrer menos, então, surgem as resistências, a auto sabotagem, como a afirmar que mudar é muito arriscado, pode gerar mais sofrimento.
A confiança que vai sendo engendrada na clínica, propiciando iniciar mudanças é algo semelhante a uma criança que inicia o andar. Ela tenta, cai, levanta-se, segura-se inicialmente naquilo que está disponível e, por fim, consegue andar por si mesma. O terapeuta não possui as respostas como pretende o paciente, logo ao chegar na clínica, nem poderia tê-las.
Com as técnicas, ele leva o outro a refletir e a desenvolver confiança em si mesmo, reconhecendo que o caminho lhe pertence. Justamente essa confiança presente na intersubjetividade constitui-se aos poucos na possibilidade de seguir pela vida, com energias renovadas, com mais leveza e novas maneiras de tratar das questões que surgem pelo caminho.
Dr. João Palma Filho
Psicólogo – CRP 146.528
Matéria publicada no jornal Regional News, edição n°1613