Recebemos na clínica sujeitos com ideias fixas sobre si mesmo, que ao longo do tempo, resultaram num encarceramento, conforme afirmam. Não conseguem se desvencilhar de um discurso. Afirmam que são assim mesmo, francos, diretos, justificando com essas e outras frases de efeito. Entretanto, percebem que causam sofrimento a si e às pessoas com as quais mantêm vínculos de amor.
Inicialmente, tentam contornar o comportamento, comentando que gostariam de serem vistos de maneira diferente. Reafirmam durante a análise as vantagens de ser assim e, diante da resistência de se verem autores de seu sofrimento, demoram a caminhar rumo a mudanças. Sentem-se ameaçados em suas crenças, fecham-se ainda mais, estabelecendo fronteiras rígidas, verdadeiras muralhas. Isso vai aumentando o nível do conflito interno e levando a questionar sobre os prejuízos emocionais causados às suas relações interpessoais.
Há situações em que a intensificação desses conflitos levam o sujeito a buscar compreender o que está acontecendo consigo, os motivos que levam a provocá-los. Livrar-se dessas ideias fixas sobre si mesmo é realmente libertador. Exige um processo de autoconhecimento que se inicia na clínica e requer um tempo para que isso aconteça, considerando que é na intersubjetividade com o analista que isso ocorre.
Dr. João Palma Filho
Psicólogo – CRP 146.528
Matéria publicada no jornal Regional News, edição n°1598