É impossível eu ver com os olhos de outra pessoa, mais ainda, é impossível eu perceber qualquer fato relatado num texto do mesmo ponto de vista de quem escreveu, de quem produziu o texto.
Ao escrever sobre um fato, sobre um acontecimento, sobre um fenômeno qualquer, não se consegue mostrar o que exatamente aconteceu, apenas se produz um texto da interpretação que o repórter elaborou daquele fenômeno; a partir do seu olhar, da sua percepção, dos seus preconceitos, dos seus valores.
Ao ler o texto produzido sobre um acontecimento, as letras vão tomando forma de conceitos, nem sempre traduzindo exatamente o que o escritor original tentou dizer, mas conceitos que cabem no meu entendimento do que aquelas palavras dizem para mim. Eu não consigo ver no texto, o fato original presenciado pelo relator do fato. Ao ler, eu não recrio o mesmo fato, mas elaboro a criação de um novo evento, num panorama novo, todo meu, sob o meu ponto de vista, sob os meus valores, resultado de minhas experiências, meus conceitos e até sob os meus preconceitos que interferem na interpretação de tudo que passa pelo meu cérebro.
Dr. Pedro Santo Rossi, psicólogo voluntário HEFC