Quando a pessoa fica refém de um estado emocional que inviabiliza a realização de tarefas, com a sensação de que as possibilidades de atuação podem não dar resultado, tudo pode dar errado, isso significa que a ansiedade passou a assumir um caráter de transtorno, um sofrimento de tal magnitude perturbador que a pessoa fica hesitante e os problemas passam a ser maiores que as soluções.
Nesses casos, a pessoa imagina que não tem capacidade em exercer o controle das situações. Não há razão que dê conta dessas sensações internas, não pode ser esclarecido, controlado, nem por si mesmo, muito menos pelo outro. A frase que se ouve no cotidiano: “controlar a vida do outro é fácil, difícil é dirigir a própria vida”.
É bem isso! Temos que ter respeito diante desses quadros, pois as sensações e o descontrole não podem ser dominados por aquele que está ansioso, muito menos pelo outro, ainda que se tenha presunção de competência para convencer de que aquilo não está ocorrendo. Estamos falando do campo emocional em desequilíbrio, que passa a dominar as relações.
Nesses casos, a medicação consegue aplacar o sofrimento e, por conta disso, torna-se indispensável uma adequada avaliação psiquiátrica aliada a um tratamento psicológico, que propiciem à pessoa exercer um maior controle sobre as atividades do cotidiano, a partir dos recursos pessoais de repensar e avaliar as situações.
As psicoterapias têm excelentes resultados. Entretanto, observa-se na clínica que a pessoa se afasta do tratamento tão logo se sinta melhor. Essa atitude pode ocasionar novas crises de ansiedade e, frequentemente, diante dessas ocorrências é que a pessoa passa a dar continuidade no tratamento.
Dr. João Palma Filho
Psicólogo – CRP 146.528
Publicado no jornal Regional News edição 1491 03 janeiro 2020