A psicanálise entende que, desde os primórdios da infância, logo nos primeiros meses de existência, o bebê dispõe de organizações herdadas, comuns aos seres humanos.
São disposições, denominadas expectativas, que ocorrem durante toda a vida e registram a sua presença sob forma de atribuição de significados às suas experiências. Podem ter um sentido de perigo. Por exemplo, um paciente com doença crônica, após o diagnóstico associa as limitações decorrentes da doença, com as expectativas ameaçadoras da sua vida, atribuindo o significado de perigo. Isso tem um lado positivo, por conta da necessidade de atenção voltada para a própria saúde, de modo a não agravar a doença.
Assim, as expectativas integram a constituição e o desenvolvimento do sujeito, durante toda a vida. São condições para o desenvolvimento, motores essenciais para uma dinâmica do mundo interno, propiciam imaginar possibilidades e, juntamente com a motivação, promovem no sujeito condições para aprender e viver no mundo exterior.
Todavia, pode ocorrer de as expectativas associadas ao que denominamos instinto de morte, ameaçadoras pela doença ou luto, exigirem na clínica o desenvolvimento de um ambiente de modo a favorecer a organização do mundo interno e ampliar as circunstâncias no cuidado de si mesmo.
Dr. João Palma Filho
Psicólogo – CRP 146.528
Matéria publicada no jornal Regional News, edição n°1612