Ao ouvir relatos de quem nos confiou expressar suas dores, tanto para quem desabafa, quanto para quem ouve, o impacto pode ser avassalador. Diante dos relatos sobre dores e traumas que ultrapassam a nossa capacidade de compreensão imediata, sobretudo quando relatado inesperadamente, o sentimento de incapacidade surge.
O primeiro passo está em acolher, sem pressa. Escutar com atenção genuína é, por si só, um ato de cura. Muitas pessoas que viveram um ato de violência carregam marcas invisíveis, e ao serem ouvidas, sem julgamentos, permite a quebra do silêncio imposto pelo medo ou pela vergonha. Ao nos sensibilizarmos, oferecemos um espaço seguro, onde quem fala sente-se menos só e mais compreendido.
É essencial manter o respeito e evitar conselhos simplistas, pois cada pessoa reage ao trauma de forma única. É possível, através de um simples gesto de apoio, abrir portas para que a pessoa encontre, no seu próprio tempo e ritmo, uma forma de reconstruir-se e recuperar a confiança em si mesma e nos outros.
E quando o trauma do outro relembra a própria feriada aberta, é a oportunidade em priorizar a própria cura e buscar ajuda profissional para encurtar a cicatrização.
Tamires Santana
Assessora de Comunicação HEFC
Publicado na edição 1726 do Jornal Regional News