Cada sujeito encara o diagnóstico de uma doença crônica à sua maneira. Somente ele pode dizer como sente o peso dessa doença em sua vida e isso sujeita-se, também, ao grau de dependência da família. Quando ele está, por exemplo, no mercado de trabalho, observa-se na clínica casos em que ocorre uma decepção com o próprio organismo, após o diagnóstico, ou diante das exigências de tratamento, principalmente quando a doença atinge a aparência física. Há casos de uma manifestação de ocultação da doença de todos da família, porque se sente mais frágil e exposta às opiniões alheias.
Um sujeito comentou, durante muitas sessões, que “não se sentia mais um ser humano”, pela falta de uma parte de si tão importante, tornando-o “eternamente” dependente de medicação para o equilíbrio físico.
O mundo corporativo exige um corpo saudável e de boa aparência, que suporta todas as agressões, além de uma mente voltada para produzir e interagir com uma organização segregadora e excludente de tudo aquilo que possa comprometer os ideais de superação e sucesso. Nesse mundo, a doença, durante o percurso produtivo do sujeito é vista como derrota.
A psicanálise oferece possibilidades para o autoconhecimento e a libertação do sentido de derrota imposto pelo mundo corporativo.
Dr. João Palma Filho
Psicólogo – CRP 146.528
Matéria publicada no jornal Regional News, edição n°1606