Inútil sair para o mundo, mantendo-se refém da própria prisão, um sofrimento no mundo interno, que assume um caráter de eternidade. O autoconhecimento dentro de um processo analítico oferece essa possibilidade de viajar para dentro de si e libertar-se do sofrimento. Num dado
momento, o sujeito descobre que as chaves da porta da cela, que o aprisiona, estão guardadas consigo mesmo. Isso independe da capacidade de pensar, refere-se ao mundo interno, desconhecido do próprio sujeito, um inconsciente que insiste em manifestar-se nas escolhas e decisões.
A técnica psicanalítica irá contribuir para ele compreender-se e proporcionar condições para livrar-se das ideias fixas e dos sentimentos que o fazem sofrer. Há casos complexos. Por exemplo, algumas pessoas com doenças crônicas comentam sobre as dificuldades que encontram no percurso de autoconhecimento. É bem verdade!
Vamos comparar a vida desse sujeito a um barco ancorado pelas forças da doença, que dificultam navegar em direção ao mar alto e tornam-se difíceis de se soltar. Entretanto, por serem forças, sempre há possibilidades de enfraquecê-las na medida que, por outro lado, as forças da vida passam a frequentar o cotidiano. A interpretação do sujeito acerca do fortalecimento dos laços com a qualidade de vida é intrínseca a ele e podem surgir com a intersubjetividade, nas sessões de terapia.
Dr. João Palma Filho
Psicólogo – CRP 146.528
Matéria publicada no jornal Regional News, edição n°1615