Há pessoas com um desejo recorrente de voltar no tempo. Todavia, se ocorresse essa volta, as repetições iriam enfatizar sua presença nas atitudes e nas escolhas. Basta observar em si mesmo, quantas vezes ocorreu isso, apesar de afirmar que não iria acontecer novamente. Quantas vezes na escolha de uma pessoa para compartilhar o caminho na vida, não se repete o mesmo relacionamento anterior, abusivo.
Há pessoas que se calam diante de momentos em que prometeram a si mesmas, nunca deixar de responder à altura. Outras passam dos limites, expressando-se de maneira muitas vezes agressiva, criando um clima de desarmonia com pessoas amigas, sendo que haviam prometido nunca mais agir assim. Quantas vezes outra pessoa se fez de vítima quando, na verdade, foi o autor da discórdia e arrependeu-se, novamente.
Então, é o reconhecimento dessas repetições que torna possível registrar o início de possíveis futuras mudanças. Nesse sentido, num tratamento psicanalítico, o analista recebe as projeções, as elabora e, após serem reintrojetadas pelo paciente, ocorre um processo que vai favorecendo assumir novas escolhas, surgindo condições que tornam desnecessário viver a idealização de uma volta ao passado, porque entende que aqueles caminhos devem ser abandonados.
Dr. João Palma Filho
Psicólogo – CRP 146.528
Matéria publicada no jornal Regional News, edição n°1592