O frequente sentimento de culpa, consome a existência, num círculo sem fim. Não estamos falando de um evento na vida do sujeito, que pode provocar culpa, mas quando ela registra sua presença no cotidiano e vai criando raízes, tornando-se insuportável e destituída de compromisso com o existir. É como se ter uma força interior, que conduz à vala do sofrimento e toda ação pode gerar culpa. Estamos falando de um sentimento que foi se desenvolvendo, encontrando terreno fértil na psique, de maneira que o sujeito se sente aprisionado por essa culpa, ainda que os resultados de suas ações sejam positivos.
Passa a circular o pensamento de que, apesar das boas condições e resposta positivas, elas poderiam ser melhores e, por sua culpa, não o foram. Isso favorece uma baixa autoestima e pode gerar uma dependência exagerada da opinião alheia para tomar decisões. Há outras situações complexas. Quando o sujeito tem uma pessoa de suas relações que sadicamente aponta para esse sentimento, forma-se um par ideal, isso porque faz com que o sujeito que sofre por culpa, ratifique o lugar em que se encontra.
Na perspectiva psicanalítica, busca-se compreender e encontrar caminhos para superá-la, fazendo com que ela deixe de exercer um controle sobre a vida do sujeito.
Dr. João Palma Filho
Psicólogo – CRP 146.528
Matéria publicada no jornal Regional News, edição n°1588