Nos atendimentos à pessoa com doença crônica, verifica-se frequentemente referirem-se à pessoa do cuidador informal como acompanhante. Todavia, quando a doença segue seu curso por anos, observa-se que essa designação faz com que o caráter de invisibilidade social vá sendo introjetado pela própria pessoa.
O conceito de invisibilidade social é empregado nas atividades na nossa sociedade, cujas profissões não possuem o devido reconhecimento social, nem status. Aqui, estamos emprestando esse conceito considerando uma atividade que não existe enquanto profissão, mas diante de uma necessidade do quadro familiar, essa pessoa assume o papel de cuidador da pessoa com doença crônica. Então, nas clínicas, nos serviços de saúde, o paciente é chamado pelo nome e, o outro, genericamente, acompanhante.
Muitas dessas pessoas se veem ao longo do tempo, como uma sombra da pessoa com a doença, todavia os serviços de saúde reconhecem a importância dos afazeres de cuidado, imprescindíveis.
Se há algo que se pode realizar é promover uma alteração nos serviços de saúde, chamando pelo nome quem acompanha; essa pessoa invisível, sustentáculo de todo tratamento, em muitos casos, por anos. Há urgência no cuidado dessas pessoas, descuidadas e doentes, muitas vezes referindo-se a si mesmas como invisíveis.
Dr. João Palma Filho
Psicólogo – CRP 146.528
Matéria publicada no jornal Regional News, edição n°1583