Há uma complexidade que envolve a atividade de cuidador informal, conforme mencionamos em artigos anteriores. Isso abrange a gestão do tempo, com alterações e adequações na própria rotina, que possuía antes de assumir o papel de cuidador no grupo familiar, com implicações na administração das relações interpessoais e, muitas vezes, tudo isso passa despercebido diante do centro das atenções, que é a pessoa com câncer.
Além disso, há um possível sofrimento do cuidador informal, que exige cuidados, diante do clima de luto antecipatório. Esse conceito foi desenvolvido por Erich Lindemann, durante a Segunda Guerra Mundial, ao observar os sentimentos de perda que esposas dos soldados experienciavam, quando seus maridos partiam para a guerra.
Com relação à pessoa com câncer, a ausência da participação na rotina dos cuidados diretos podem levar ao luto antecipatório, como um mecanismo de enfrentamento para se proteger de uma súbita informação de óbito. Isso pode gerar no cuidador um sentimento de abandono, tendo em vista o afastamento dos demais familiares, aprofundando as crises no grupo familiar, diante disso. Esse é um dos motivos que torna pertinente a psicoterapia para a saúde mental de cuidadores informais.
Dr. João Palma Filho
Psicólogo – CRP 146.528
Matéria publicada no jornal Regional News, edição 1563.