Numa linguagem poética, podemos considerar o mar como a vida no mundo, com as possibilidades de crescimento pessoal, entre o nascimento e a morte. O barco consideramos como a existência da pessoa, suas emoções, sentimentos e as escolhas realizadas. Os remos são as habilidades e competências.
Dentre as inúmeras indagações possíveis destacamos as seguintes: quando você rema, o barco se desloca no mar? Suas energias se esgotam ao tentar fazê-lo navegar? Ainda que seus remos sejam bons, quanto de peso impede o deslocamento do barco?
Podemos associar as emoções como tristeza, raiva, medo e sentimentos associados a essas emoções – rancor, ódio, mágoa, rejeição, inferioridade e culpa, entre outros – como sendo pesados e volumosos, ocupando aos poucos um espaço considerável, dificultando remar o barco pela vida, deixando de avançar para a autorealização.
Muitas vezes, a imaginação associada à razão poderia levar à escolha de um barco ideal, com melhores chances de navegar, mas o peso e o volume do seu conteúdo conflitam com esse ideal. Ainda que se tentasse apagar esses conteúdos da memória, eles sempre voltariam. Então, trata-se de ressignificá-los livrando-se do peso e do volume que ocupam na existência.
Dr. João Palma Filho
Psicólogo – CRP 146.528
Matéria publicada no jornal Regional News, edição n° 1557